segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fusca meia-nove vira "split window" e ainda ganha pimentinha


Lúcio Gonsales é um verdadeiro fã de Fuscas, especialmente os mais antigos. Dono da Lúcio Rodas, fabricante (e recuperadora) de rodas especiais, em Indaiatuba, São Paulo, ele passou anos atrás de uma unidade da década de 1950 para comprar. Após muita procura e nenhum sucesso, eis que ele se depara com um 1969 zerado, sem um podre sequer. Seus olhos brilharam e logo ele teve uma ideia: montar um "split window" (duas janelas) em cima do modelo, com visual hot rod!

Em eventos e encontros, Lúcio conseguiu adquirir diversas peças original do 53, mesmo com o preço salgado de venda. "Tudo é muito caro para esse tipo de carro. Eu até desencanei de montar as setas do tipo ‘bananinha’, pois o par delas mais barato eu achei por R$ 1.200, necessitando de muitos reparos", lembra Lúcio.

André Takeda, dono da loja especializada Restaurakar e grande entusiasta de Fusca, compartilha da mesma opinião de Lúcio: "As versões da década de 50 são muito procuradas no mundo todo. Dessa forma, suas peças são escassas e custam verdadeiras fábulas. Eu, por exemplo, sempre cobicei o ‘duas janelas’, mas preciso me contentar com os meus 1954 e 1955, de janela oval", brinca.

João Mantivani/Fullpower

Ficou nervoso ou nem? Fusca 69 vira 53 com preparação forte

Mesmo assim, o dono do Fusca deu algumas "sortes" durante a montagem de seu besouro. Teto solar do tipo ragtop, por exemplo, ele encontrou original, com trilho e tudo, assim como a tampa traseira. O parabrisa ele também achou, mas um acidente na montagem quebrou a peça -- foi preciso recriar um modelo na mesma medida.
A carroceria, no caso, foi trabalhada por Danilo Cuciolli, da Cuciolli Body Works, também em Indaiatuba. Alargamento de duas polegadas dos paralamas traseiros, adaptação completa do vidro dianteiro fixação do teto solar, por exemplo, são obras da especialista, assim como toda a pintura e a recriação da dupla janela traseira. "Esse carro estava muito bom de funilaria. Portanto, o trabalho maior foi realmente nas adaptações dos componentes do 1953", conta Danilo.
PARA ONDE OLHAR
Por falar em condições de carroceria, André Takeda dá a dica para quem busca montar um Fusca sem dores de cabeça: "Preocupe-se sempre em olhar o alinhamento do carro. Vãos de portas muito tortos, ferrugens nas calhas de chuva e na caixa de estepe são indícios de que ele sofreu uma avaria mais grave. Olhar o chassis próximo ao facão traseiro também é uma boa. Se ele apresentar ferrugem ou rugas, fique esperto: ele já levou porrada feia", alerta o especialista, que completa: "peças de reposição originais, mesmo precisando de algum reparo, são mais indicadas para a restauração do carro. A qualidade da chapa, sem dúvida, facilitará a vida do funileiro no alinhamento do conjunto".
De volta ao "53" de Lúcio... Se você reparar na traseira do carro, verá que ele está devidamente socado, porém sem a tradicional "cambagem negativa". Isso aconteceu graças a uma modificação do próprio Lúcio, com um suporte para levantar motor e câmbio -- também conhecido no universo da customização como channeling. Ou seja: a carroceria do carro é rebaixada, e não a suspensão! Os amortecedores dianteiros, no caso, têm bolsas de ar no local das molas.
Outros componentes criados por Lúcio foram os copinhos das rodas e os cubos, agora com fixação por prisioneiros e furação 5x100 -- as redondas em questão são da nacional Kromma, modelo KR 1470, próprias para picapes. O interior ainda revela boa dose de nostalgia, com volante dos Fusca de corrida da década de 70, painel central customizado (Willtec) e alguns detalhes diferenciados, como ignição por botão no console, pedal de acelerador "roletado" e alavanca de câmbio Scat!
É UM SUCESSO
"Ele conquista qualquer pessoa, independente de seu gosto. Já fui a diversos eventos e sempre recebo muitos elogios, mesmo com a tapeçaria ainda por fazer", conta o feliz proprietário. Apesar do resultado gratificante, Lúcio precisou desembolsar muito dinheiro em peças, além de paciência para encontrá-las. "Hoje, vale mais a pena restaurar um modelo da década de 1960. Como há um maior número de peças no mercado, o valor delas acaba sendo mais baixo. Mesmo assim, a pessoa deverá fugir das capitais e procurar no interior", reforça nosso "consultor técnico de Fusca" André Takeda.
Privilegiados, Lúcio e sua turma de entusiastas, conhecida por Hell Cats Rockabilly, podem passar o dia admirando o besouro "53" customizado! (por Giuliano Gonçalves)

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