segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Para voltar à juventude, empresário adquire Opala zerado -- mas mecânica está longe de ser de época


As boas fases da vida são marcadas para sempre! Vez ou outra, a memória resgata alguma situação de alegria: viagens, aprovação na faculdade, nascimento de um filho... Vários acontecimentos do passado são lembrados com alegria e saudade. Para Esídio, empresário e dono desse Opala Luxo 1979 impecável, além do nascimento de seu filho, ele guarda com carinho os dias em que aproveitou com seu pai (já falecido) experiências com os cupê da Chevrolet.

"Tivemos cinco Opala, com direito até a um SS. Além disso, passaram cinco Caravan pelas nossas mãos. Esses momentos ao lado do meu pai e dos carros marcaram muito a minha vida, motivo pelo qual resolvi comprar um modelo e resgatar um pouco do meu passado", emociona-se o "Opalamaníaco".
Segundo ele, basta entrar no GM e olhar para o painel intocado para todas as lembranças voltarem à tona. "Não tenho palavras para expressar o quão gratificante é andar nesse carro", orgulha-se Isidio. Como retribuição à alegria proporcionada, ele renovou a mecânica seis cilindros do carro e, agora, acelera com prazer ainda maior. "É bem difícil descrever a sensação de pisar fundo no acelerador desse Opala", empolga-se novamente.

João Mantovani/Fullpower

Esse Opala inteiraço provoca fortes emoções em seu proprietário

Responsável por toda essa satisfação, Rogério Tadeu Rascio, o Força, proprietário da Allen Preparações, sugeriu uma receita tradicional para carros de rua. "Preparo Opala há 20 anos e esse conjunto empregado é uma das marcas registradas da oficina. Vem potência, mantém o funcionamento impecável e satisfaz bastante o cliente", diz Força.
Basicamente, a preparação é focada no cabeçote do Chevrolet, com válvulas maiores e alteração da taxa de compressão. Há ainda pratos, molas e travas Iskenderian, além de comando de 290º com tucho mecânico (esses, no bloco). Pistões maiores também compõe o upgrade, assim como polia Damper, para balancear o longo virabrequim. Força ainda garante que diversos outros fatores influenciam no ótimo resultado, como o sistema de escape, do qual ele guarda o segredo a sete chaves: "Só posso revelar que é um 6x2 com banho cerâmico. Medidas, curvas e afins eu não conto de jeito nenhum", esconde na manga o preparador.
E é pelo ronco dos "canos" que o veneno da Allen finalmente é denunciado: a mistura de som grave com um estrondoso embaralhamento, intercalando a queima de combustível das seis câmaras, é simplesmente de arrepiar. Vale lembrar que o ronco só "limpa" a partir das 3.000 rpm, quando o Chevrolet já desenvolve alta velocidade e coloca seus 290 cavalos e 30 kgfm de torque (estimados por Força) no asfalto!
Por falar em tracionar, uma das poucas (e belíssimas) alterações externas é o jogo de rodas de alta performance, forjado em duas peças. Cromado, o conjunto Weld Pro Star aro 15" encaixou como uma luva no 79 e, com largos pneus na traseira (utiliza 235/60, contra os 215/60 da dianteira), ele simplesmente cola no chão quando o pedal do acelerador é acionado com vontade. Por trás disso tudo, Força ainda adotou um kit de freios esportivos, com discos fresados, inclusive na traseira, e um sistema de amortecimento mais firme. Mas os amortecedores serão substituídos por modelos ainda mais rígidos.
QUER UM?
Conhecedor nato de Opala, Força dá alguns conselhos para quem busca adquirir um GM em bom estado: "Antes de mais nada, dê uma volta com o carro. Mesmo com motor e câmbio bons, é preciso ter certeza de que o diferencial esteja em perfeito estado. Barulho incomum em rolamentos e engrenagens é indício de um mau negócio. Outra boa dica é analisar as longarinas. Se elas estiverem tortas ou trincadas, o carro já sofreu um acidente forte. Medidas comuns, como olhar por baixo dos paralamos a procura de podres, também são bastante válidas", indica.
No caso de Esídio, nem foi preciso se preocupar no momento da compra, pois o Chevrolet estava parado havia 13 anos em uma garagem, devidamente protegido. "Só precisei dar um banho de tinta na carroceria, pois a pintura do teto estava um pouco queimada. No mais, o carro é zero. O funileiro até se impressionou quando desmontou suas peças para pintar e não encontrou sequer um podre", conta o orgulhoso dono do GM.
Essa sorte também prevaleceu no interior vinho, conhecido por "chateau" (lê-se chatô), completamente original, sem qualquer detalhe -- para ser sincero, o habitáculo não revela nem mesmo uma poeirinha. Revestimento de portas, teto, bancos, painel... Tudo é novo, com aspecto de nunca ter sido utilizado! "Eu sempre fui muito exigente com meus carros. Jamais deixei alguém lavá-los, por exemplo, pois gosto de fazer do meu jeito", confessa Esídio. Seu TOC por limpeza é justificável, já que hoje em dia não é comum se deparar com um Opala Luxo 1979 nessas condições.
Nem mesmo o cofre, repleto de componentes pintados e cromados, apresenta qualquer sujeira: "Onde moro, há vários amigos como eu, amantes de clássicos. Aos finais de semana, um de nossos passatempos é lavar os carros, tomar umas cervejas e jogar conversa fora", brinca o feliz proprietário.
Apesar da "pseudo-originalidade" do carro, tudo leva a crer que seu dono foi contaminado pela preparação, visto os próximos upgrades. "Conversei com o Força e ele me sugeriu algumas alterações para elevar significamente a saúde do carro. Com injeção eletrônica de três corpos no lugar da Weber 44IDF, uma apimentada na parte de baixo do motor e alguns acertos, ele estima mais uns 90 cv de potência. Se isso realmente acontecer, tô dentro", garante.
Durante o ensaio de fotos, tive o prazer de bater um papo com Enzo, filho de Esídio. Além de carregar o nome de um ícone da história automobilística, o garoto, no auge da adolescência, tem tudo para seguir os passos do pai: "Adoro andar com ele no Opala. Talvez pela minha geração eu prefira carros mais atuais, como os Nissan GTR e 370Z. Mas, de qualquer forma, sou suspeito em falar desse Opala. Ficou simplesmente demais!" (por Giuliano Gonçalves)

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